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CRETENSES, espetáculo em processo online

da Cia Teatral ENERGÓS, tratava do mito do Minotauro e contou com dramaturgia inédita do premiado escritor brasileiro João Anzanello Carrascoza.

A dramaturgia de CRETENSES foi criada a partir dos fragmentos de duas tragédias perdidas de Eurípides, KRETES e THESEUS, e aborda temas presentes no mito, relacionando-os com a contemporaneidade. Estes fragmentos foram traduzidos pela primeira vez para o português pelo diretor da companhia Leonardo Antunes e pelo ator Jean Pierre Kaletrianos.
 
Mesmo com a pandemia, a
Cia Teatral ENERGÓS continuou seu trabalho artístico, e realizou de modo virtual os ensaios e a pesquisa musical do espetáculo desde fevereiro de 2020. CRETENSES conta com uma paisagem sonora que atravessa toda a encenação e é criada por diversos elementos: as canções e versos em grego arcaico e moderno; a sonoridade do texto em português de João Carrascoza; e os instrumentos tocados pelos atores (adufes — instrumento de percussão ibérico —, aquários e violino).
 
A apresentação online fundia a teatralidade da tragédia grega à linguagem audiovisual, mesclando cenas pré-gravadas e editadas (com a qualidade visual e sonora que o meio digital oferece) e intervenções dos atores ao vivo (resgatando a experiência do “momento”, própria do teatro). Assim,
CRETENSES estabeleceu diversos planos narrativos para tratar do mito do Minotauro sob seus aspectos trágicos, com uma dramaturgia que se espalhava visualmente pela composição.
 
As cenas do espetáculo foram gravadas entre abril e maio de 2021, na Areté, Centro de Estudos Helênicos (Pinheiros, São Paulo). Desde o início de 2020, a Areté é sede da
ENERGÓS, onde a companhia teatral realiza seus ensaios e ministra cursos de teatro para o público em geral.

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“Aqui estamos e não julgamos,
aqui estamos e, tanto quanto eles,
que atravessam este vale de lemas e dilemas,
Minos e sua mulher Pasífae,
Pasífae, Minos, e a filha de ambos, Ariadne,
Pasífae e seu filho, Minotauro.
Aqui estamos e não somos juízes,
nem por um triz desejaríamos
viver o que esses cretenses viveram,
ainda vivem e viverão para sempre,
a não ser que a memória da humanidade
toda ela – é bom que se diga – se dissolva,
pois a cada vez que a história,
como água parada numa poça,
é de novo movida, sonhada, representada,
eles renascem, renascem e de novo
empunham seus embates...”

(CRETENSES — João Anzanello Carrascoza)

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SINOPSE

Quando o rei de Creta morre sem herdeiros, Minos reivindica o trono, que lhe é negado por seus irmãos. Ele, então, pede a Poseidon que envie um sinal de confirmação: um animal vindo do mar que deverá ser sacrificado em agradecimento. Poseidon atende o pedido: faz surgir um touro branco das águas do oceano e Minos assume o poder. Mas o novo rei não cumpre a promessa. Ele se apossa do touro de Poseidon e sacrifica outro animal em seu lugar. Furioso, o deus lança um castigo sobre o rei e faz com que sua esposa, Pasífae, dê à luz um monstro: o Minotauro, criatura com cabeça de touro em um corpo humano.  

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SOBRE O MITO

O mito do Minotauro foi tema de dois textos de Eurípides, um dos maiores tragediógrafos gregos, cuja obra é reconhecida por apresentar o ser humano questionando a si mesmo. Em Kretes e Theseus, textos trabalhados neste projeto, a trama do Minotauro é usada para tensionar a relação entre as pessoas e suas ações. Entendemos que não é por acaso que os mitos e as tragédias gregas sobreviveram ao passar dos anos e às distâncias geográficas. Eles influenciaram boa parte do pensamento ocidental e continuam a revelar aspectos atemporais da existência humana. Ao tratar a questão da ganância do homem; dos sacrifícios impostos à população como consequência das “desmedidas” de seus governantes; da necessidade de isolar o outro/o diferente em muros; da resistência em reconhecer os aspectos animais do ser humano; ou ainda do papel da mulher, que precisa vociferar para ser ouvida; entendemos que o mito do Minotauro, apesar de aparentar uma realidade “outra” diversa da nossa, serve de espelho para iluminar questões do ser humano contemporâneo.

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FICHA TÉCNICA

Direção e Iluminação: Leonardo Antunes

Dramaturgia: João Anzanello Carrascoza

Elenco: Caroline do Amaral

Elaine Alves

Gustavo Andersen

Gustavo Xella

Heidi Monezzi

Isabela Bustamanti

Isabella Bottan

Jean Pierre Kaletrianos

João Muniz

Júlia Gama

Direção Musical: Giovana Barros

Jean Pierre Kaletrianos

Leonardo Antunes

Pax Bittar

Cenografia: Leonardo Antunes e Márcia Moon

Figurinos: Miko Hashimoto

Adereços: Fernando Fedora

Maquiagem: Claudinei Hidalgo

Preparação Musical (percussão - adufe): Valéria Zeidan

Preparação Musical (aquários): Orquestra dos Objetos Desinventados

Treinamento Corporal (kempo): Ciro Godoy e Mavutsinim Santana

Assistência de Iluminação: Tati Miiller

Fotos: Júlia Gama

Identidade Visual: Cláudio Novaes

Design Gráfico: Elaine Alves

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